sábado, 2 de abril de 2011

PESCADOR


O mar,
mestre dos navegantes,
berço dos romances,
começo e fim de grandes amores,
guardião do farol solitário,
tem a cor imprecisa dos teus olhos
e o estranho brilho da tua pele
morena.

Ah! O mar me traz tantas saudades.
Ah! O mar, o eterno mar.

Teu riso infantil me dizia
o quanto querias
ser minha... no mar.
Dois corpos nus rolaram na areia
tendo a noite por testemunha,
e o mar, que se uniu a nós,
esconde o sol,
as estrelas do céu,
e afoga as paixões sem piedade.

Ah! O mar, o imenso mar.
Mar que me mata devagar.

O mar,
casa dos marinheiros,
rota dos barcos de pesca,
lar dos pescadores,
amante de Iara,
tem a cor indefinida dos teus olhos
e o mistério dos teus cabelos
molhados.


O mar
cujas ondas me tocam a alma,
é o mesmo mar que esconde os afogados.
O mar levou o meu coração para longe
e me aprisionou em ilhas distantes,
ilha da Ilusão,
ilha da Saudade,
ilha do Amor,
e todas estas ilhas... distantes de ti,
meu amor,
e dos teus olhos
indiferente cor do amar.

Quanta saudade eu tenho do mar.
Ah! O mar foi feito para os lunáticos.

O mar,
velho contador de histórias,
numa noite escura e fria,
veio até mim e revelou
onde escondeu o meu amor.
Então, eu caminhei pela praia,
enfrentei as ondas,
entrei nas águas
e fui buscar o teu coração, morena,
melancolicamente,
no fundo do mar.

(In: O Perfume do Tempo - 2004/2005)


 

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