domingo, 10 de abril de 2011

ESQUEZIDOS

No cume do lixo farto
Vi um menino pelado
Imundo... desencantado...
Sem dor... amor... sem olfato
Infância com cheiro de alho
De gosto podre estragado
Triste estupro ignorado
Da mãe de corpo marcado

O povo sobe aos telhados
Atrás da vida de fato
De casas com cadeados
Sonhos de um mundo isolado
Ali nenhum candidato
Presidente ou deputado
Sente o gosto salgado
Vidas deixadas de lado

Marcam o passo apressado
Os pés que sujos de barro
E chinelos remendados
Desprovidos de sapatos
Voltam-se para o passado
Janela e muro quadrados
Pintura em quadro mofado
Destino sempre roubado

Corre... menino assustado
Quem sabe a cor do pecado?
Falta feijão no teu prato
Que é sempre quem paga o pato
Qual homem civilizado
Aguenta o peso do fardo
Cume do lixo lançado
Nas vidas postas de lado?
 
(In: Versorragia Verborrágica - 2006/2011)


 

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