terça-feira, 14 de outubro de 2014

O Semeador

Lanço um punhado de sementes contra o vento
Há em meus olhos primaveras de saudade
Quero que a chuva considere-se importante
E que meus sonhos não se percam no futuro

Pássaros voam pelo sol do meio-dia
Enquanto eu penso numa nova juventude
A boa terra representa toda gente
Lava-me as mãos com meu suor no sacrifício

De arar os campos na tristeza de um sorriso
Ouvindo as vozes dos fantasmas redivivos
Neste silêncio decadente e imperfeito
Moinhos velhos na inércia não mais giram

Olho pro céu e observo o vão milagre
De ter a brisa ressurgida nas sementes
Novas pessoas, novos sonhos, novo amor
Um brilho intenso de esperança e muita paz

Neste chapéu que um par de olhos bem cansados
Guarda da luz, calor do sol, meu rosto queima
O meu tesouro está no cheiro dos morangos
Das framboesas, dos melões e melancias
   
Quero rezar ajoelhado sobre a terra
Uma oração que traga nova vida aos homens
Que Deus dê forças pra este velho esperançoso
Que das sementes brote a nova humanidade

Poema: O Semeador - Revocê - 2014 - Vôgaluz Miranda
Pintura: O Semeador - Vincent Van Gogh - Arles - França - 1888

domingo, 5 de outubro de 2014

Nação sem Noção

Dirão: “Que poeta louco!
O que este tolo escreverá?”
E eu, me fingindo de morto,
Deixo a loucura vazar
Sobre a doença sem cura
Dos loucos que pensam ser sãos,
Neste país sem cultura
Que insistem em chamar de Nação.

Nação sem Noção - Revocê - Vôgaluz Miranda - 2014