Lanço um punhado de sementes contra o vento
Há em meus olhos primaveras de saudade
Quero que a chuva considere-se importante
E que meus sonhos não se percam no futuro
Pássaros voam pelo sol do meio-dia
Enquanto eu penso numa nova juventude
A boa terra representa toda gente
Lava-me as mãos com meu suor no sacrifício
De arar os campos na tristeza de um sorriso
Ouvindo as vozes dos fantasmas redivivos
Neste silêncio decadente e imperfeito
Moinhos velhos na inércia não mais giram
Olho pro céu e observo o vão milagre
De ter a brisa ressurgida nas sementes
Novas pessoas, novos sonhos, novo amor
Um brilho intenso de esperança e muita paz
Neste chapéu que um par de olhos bem cansados
Guarda da luz, calor do sol, meu rosto queima
O meu tesouro está no cheiro dos morangos
Das framboesas, dos melões e melancias
Quero rezar ajoelhado sobre a terra
Uma oração que traga nova vida aos homens
Que Deus dê forças pra este velho esperançoso
Que das sementes brote a nova humanidade
Poema: O Semeador - Revocê - 2014 - Vôgaluz Miranda
Pintura: O Semeador - Vincent Van Gogh - Arles - França - 1888