terça-feira, 5 de julho de 2016
segunda-feira, 20 de junho de 2016
Alto-mar
Antigamente me diziam: "faça isso, não faça aquilo!"
Eu ficava perdido, angustiado, tentando me encontrar.
Foram tantas as cabeçadas, foram todas as decepções...
Hoje me dizem: "faça isso, não faça aquilo!"
Passo as mãos pelos cabelos brancos e encaro no espelho
meu semblante estúpido, cansado de muita porrada,
fecho os olhos e me deixo guiar pela bússola que trago no peito,
mesmo que me perca, mais uma vez,
neste mar revolto e colossal chamado vida.
[ACORDOABSURDO parte II - Vôgaluz]
domingo, 5 de junho de 2016
O poeta
O poeta trabalha na penumbra da noite
transformando palavras em elementos do ar.
A estranha figura, ao acaso por acaso,
define os assombros das portas que se abrem
à frente de cada fracasso, de cada decepção.
O poeta não existe!
É um fantasma social.
No entanto, ele insiste!
Para o bem ou para o mal.
Andando pelas ruas feito uma besta humana,
mendigando atenção,
procurando carinho e levando bofetadas,
suplicando um sorriso das caras mais feias,
o solitário andarilho sonha com um tapete voador
de palavras cruzadas,
que lhe leve um pouco da dor que sente no coração.
E nesta tentativa frustrada,
o poeta se empenha em ser a própria poesia perdida,
um traço do amor que já não existe,
a gentileza banalizada pelas vaidades de olhos cansados,
num mundo belo,
estranhamente belo,
e triste demais.
transformando palavras em elementos do ar.
A estranha figura, ao acaso por acaso,
define os assombros das portas que se abrem
à frente de cada fracasso, de cada decepção.
O poeta não existe!
É um fantasma social.
No entanto, ele insiste!
Para o bem ou para o mal.
Andando pelas ruas feito uma besta humana,
mendigando atenção,
procurando carinho e levando bofetadas,
suplicando um sorriso das caras mais feias,
o solitário andarilho sonha com um tapete voador
de palavras cruzadas,
que lhe leve um pouco da dor que sente no coração.
E nesta tentativa frustrada,
o poeta se empenha em ser a própria poesia perdida,
um traço do amor que já não existe,
a gentileza banalizada pelas vaidades de olhos cansados,
num mundo belo,
estranhamente belo,
e triste demais.
[ACORDOABSURDO parte II - Vôgaluz]
sábado, 20 de fevereiro de 2016
para-choque de caminhão
desde que eu encontrei
os teus lindos olhos
- brilho de mel -
na multidão,
algo mudou
e esta vida sofrida
ganhou o céu
e a imensidão,
eu trazia no peito
fragmentos de felicidade
e uma expectativa
se era amor ou amizade.
mas tem muitas coisas
que não adianta
sequer tentar entender
pois naquele dia
o que eu mais queria
era apenas te ver.
flores na mão
e uma canção,
muita fantasia,
tudo ilusão.
amei demais
me dediquei
foste um sonho
e eu acordei,
pois o teu carinho
de para-choque de caminhão
matou minha esperança
e atropelou meu coração.
[ACORDOABSURDO parte II - Vôgaluz]
sábado, 6 de fevereiro de 2016
ABORDAGEM
Por que você não vai à escola?
Por que você não lê no domingo os jornais de domingo?
Por que você não cala a boca e fica quieto?
Por que já não pergunta o porquê das coisas?
Por que você não chega mais cedo?
Por que não ganha mais dinheiro?
Por que você não vai às ruas?
Por que não se casa?
Por que você não compra uma bicicleta?
Por que você não lê mais livros?
Por que não se separa?
Por que você não pratica um esporte?
Por que você não escreve um poema?
Por que você não aparece?
Por que você não some de vez?
Por que não publica um livro?
Por que você não para de fumar?
Por que você não para de beber?
Por que você não finge igual ao Pessoa?
Por que você não deixa pra mais tarde?
Por que você não fica feliz igual todo mundo?
Por que você não é mais simpático?
Por que você não cresce e aparece?
Por que você não força a barra?
Por que você não usa a camisa do seu time?
Por que não emagrece?
Não faz regime?
Por que não gosta do que não gosta?
Por que você não sabe cantar o hino nacional?
Por que não vai às urnas e vota legal?
Por que você não sofre e vai ver o mar?
Por que você não ama o que tem pra se amar?
Tenho por mim que
no dia em que a poesia se tornar trabalho ou obrigação,
perdeu a graça.
[ACORDOABSURDO parte II - Vôgaluz]
sábado, 16 de janeiro de 2016
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