quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

MARIA

Maria, o que tens guardado na boca?
É beijo esquecido,
Pão amanhecido
Ou água salobra?

Maria, o que trazes na palma da mão?
Amor reprimido,
Segredo escondido
No teu coração?

Não fujas, Maria! Já sei de onde vens!
Presente ou passado,
Destino traçado
Na vida de alguém.

REVOCÊ - Vôgaluz Miranda

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

MIOPIA PÚBLICA

Enganaram você
Você nem percebeu
Se você estiver certo
O enganado sou eu

O “jabá” rola nas rádios
A televisão tem seus macetes
Meus ouvidos doem
Com tanta música demente
Qual será a melhor mentira
Das revistas e dos jornais
“O país mudou”, “Sua vida melhorou”
Ah! Assim já é demais!

Estragaram você
E ninguém interveio
Se isso tudo é bonito
Eu prefiro ser feio

A maior cantora
Me mata de vergonha
Desafina e disfarça
Que vozinha medonha!
O poeta sem mensagem
Dissimula erudição
Envenena a poesia
Que baita fanfarrão!
Não se faz política
Se não houver alianças
Deus e o diabo no mesmo altar
E a festa vai recomeçar
No fim das contas
Você é quem dança

Apertam a sua mão
Quando é conveniente
Cuidado com os lobos
Que escondem os dentes!
Você acredita na especialização
Da crítica “jabaculê”
Roubam sua mente e desesperadamente
Você ainda paga pra ver

Fuzilaram você
Que acha que não morreu
Se você está vivo
O defunto sou eu

Não querem que você tire
Suas próprias conclusões
O photoshop transforma
Barangas em aviões

Você, cidadão honesto, que paga as contas em dia
Até quando será herói
Enfrentando os juros que corroem
Seu salário mixaria?

É tanta enganação
Que não vale a pena não
Perder mais do meu tempo
Nessa longa explanação
É tanta enganação
Que me dói o coração
Se você tem certeza
Eu perdi a razão.

REVOCÊ - Vôgaluz Miranda

sábado, 3 de janeiro de 2015

EU QUERIA ESCREVER UM POEMA

Eu queria escrever um poema que unisse os nossos corações
Depois da loucura de procurar razão onde havia delírio
Perdi meus passos no dia em que errei o seu caminho
Minhas mãos tremem e é quase insuportável o peso das chaves
Por isso, a porta continuará fechada até você voltar

Não queria fazer drama
Não queria suplicar
Não queria chorar
Eu só queria escrever um poema que falasse da gente
Que tocasse na mais linda canção de amor
E que trouxesse de volta tudo o que a gente não viveu.

Vôgaluz Miranda - Revocê